terça-feira, 28 de agosto de 2007

MTE fecha com a Microsoft

Microsoft captura Primeiro Emprego
Por Fátima Fonseca

Na contramão da opção do governo pelo uso de software livre, o Ministério do Trabalho faz convênio com a Microsoft. Na contramão da opção federal pelo uso de software livre e plataformas abertas, manifesta mais de uma vez pelo coordenador de inclusão digital do governo, Cezar Alvarez, o Ministério do Trabalho e Emprego anunciou, esta semana, convênio com a Microsoft para capacitação técnica de jovens de 16 a 24 anos, dentro do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego para Jovens (PNPE).

A multinacional estaria investindo R$ 4 milhões no fornecimento de licenças, treinamento de professores e material didático a todas às 24 ONGs que integram o Consórcio Nacional da Juventude, atuando com o Primeiro Emprego. O trabalho será desenvolvido pela ONG Oxigênio, indicada pelo MTE como entidade responsável pela coordenação e gerenciamento do programa.

A Oxigênio também é sede de um Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), programa de inclusão digital mantido pelo Ministério do Planejamento e que prevê profissionalização de jovens, em Guarulhos (SP).Representantes do Movimento do Software Livre pretendem solicitar uma audiência ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para questionar alguns aspectos do acordo. Por exemplo, os ativistas querem saber por que o software livre foi discriminado. Ou seja, por que o DPJ-Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude (DPJ), não fez nenhum movimento para incluir o software livre como opção nos programas de capacitação do Primeiro Emprego. Também querem mais informações sobre o convênio firmado com a Microsoft, especialmente, sobre os valores investidos pela empresa (apenas em licenças?), e pelo governo federal (quanto ele iria gastar na comunicação com os jovens, na montagem dos ambientes, na divulgação do acordo).

Na verdade, considera-se inaceitável que sejam aplicados recursos públicos para disseminar cultura de uso do produto da maior fabricante de software do mundo.As 24 entidades envolvidas no programa tiveram convênios celebrados em 2005 com o MTE para execução do programa de qualificação, executados em 2006, e que teriam obtido uma média de 40% de inserção de jovens no primeiro emprego – ou seja, de 30.520 adolescentes de famílias carentes atendidos, 12.479 teriam conseguido emprego.

Mas a Economia Solidária vai de software livre

O mesmo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que acaba de formalizar acordo com a Microsoft para capacitar os jovens do programa Primeiro Emprego, deve anunciar, hoje, por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, mais um acordo de parceria com o Casa Brasil – programa de inclusão digital gerido pelo ITI, da Casa Civil --, e com o Serpro, para a abertura de telecentros com software livre em todas as feiras e eventos de economia solidária apoiadas pelo governo.

A Secretaria, cujo titular é o economista Paul Singer, e o Casa Brasil começaram a desenvolver, no início deste mês, um amplo programa de capacitação técnica, que vai envolver 200 pessoas no país, entre bolsistas do Casa Brasil e agentes de economia solidária.A idéia é que os primeiros formem-se nos conceitos de economia solidária, e os segundos ganhem informação técnica no uso produtivo de ferramentas digitais com software livre. Serão cinco cursos (de cinco dias, em média), para turmas de 40 integrantes – os dois primeiros realizados este mês, e os demais acontecendo até outubro em diferentes capitais brasileiras. O Secretário Nacional de Economia Solidária, Paul Singer, no último Fórum Internacional do Software Livre (Fisl), fez uma entusiasmada defesa pública do desenvolvimento colaborativo, característico e apenas possível com plataformas abertas, que, na sua avaliação, guardava evidentes afinidades com os princípios da economia solidária. Considerando as duas ações – convênio com Microsoft, de um lado; e com Serpro e Casa Brasil, do outro – o Ministério do Trabalho faz lembrar a figura mítica de Jano, deus romano com dois rostos, um olhando para trás, outro para frente.

Seminário - Marco Legal da ECOSOL e a importância do Parlamento

Seminário sobre Economia Solidária

A Frente Parlamentar Paulista Pró-Economia SolidáriaOrganiza no seu re-lançamento o Seminário: Marco Legal da Economia Solidária, a Importância do Parlamento
Dia 30 de Agosto às 14h00
Local: Auditôrio Teotônio VilelaAssembléia Legislativa de São Paulo
Av. Pedro Alvares Cabral, 201 - 1º andar

Iniciativa:Frente Parlamentar Paulista Pró-Economia Solidária
Fórum Paulista de Economia Solidária

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Economia Solidária gera renda em Caxias

rBianca Costa,da Agência Chasque
Há 10 anos, 21 integrantes da Associação de Reciclagem Interbairros tiram sua renda do lixo. A associação fica no bairro Vila Maestra e recicla todo lixo que a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA) tira das ruas de Caxias do Sul. Eva Guedes da Silva trabalha desde a fundação da Associação. Ela conta que os 21 integrantes separam todo tipo de material que pode ser reciclado.Vidro, papel, papelão e plástico são separados e depois prensados. O trabalho de separação é feito pelas mulheres e os homens trabalham na prensa. Ela diz que, depois do material pronto, ele é vendido diretamente para a indústria.
Eva Guedes da Silva afirma que a renda retirada do lixo serve para pagar as contas da Associação e o restante é dividido de forma igual entre os integrantes. “Nós pagamos as contas que a Associação tem e o restante a gente divide em valor igual para todos em horas trabalhadas. Nós temos cartão-ponto aqui, batemos na entrada e na saída. Em todos os primeiros dias do mês é somado o cartão-ponto e feito o total de horas. Geralmente dá em torno de 180 a 207 horas, porque nós trabalhamos 22 a 23 dias no mês”, relata.A Associação Interbairros pode ser considerada um empreendimento da economia solidária. Conforme Vera Regina Schmitz, que é mestre em Comunicação e coordenadora de Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários da Unisinos, em São Leopoldo, a característica básica de um empreendimento solidário é a autogestão.
A professora Vera afirma que outra característica da economia solidária é a visão do trabalho de forma coletiva. Além disso, as associações e cooperativas revertem os resultados direto para o grupo.“No fundo, são empreendimentos autogestionários, são grupos e associações que trabalham de forma coletiva. Hoje, se formos comparar um pouco um grupo da economia solidária com um grupo com outra forma de organização, talvez algumas características típicas é a autogestão, que é muito forte nos grupos, o que se produz é revertido para o grupo, é bastante democrática, o foco não é o lucro, mas sim pensar na geração de renda”, explica. Conforme a professora Vera Regina Schmitz existem mais de 1,8 mil empreendimentos solidários no Rio Grande do Sul.