domingo, 3 de junho de 2007

Economia Solidária: Uma Nova Bandeira para a UNE!


O movimento Kizomba apresenta para o 50º Congresso da UNE, que ocorrerá em Brasilia, 27 de junho a 01 de julho, uma importante contribuição pautando a Economia Solidária e a perspectiva de lutar por um Outro Modelo de Desenvolvimento.


Veja a pré-tese na íntegra: www.kizomba.org.br/pretese


A Kizomba entende que a Economia Solidária está situada no campo do trabalho e se coloca como uma alternativa às relações sociais de produção capitalista. Possui como característica a democratização das decisões a respeito da produção, sendo essas decisões tomadas em assembléias, onde cada trabalhador ou trabalhadora, que nesse movimento são intitulados por “cooperados (as)” é igual aos (as) demais, possuindo todos e todas direito a um voto. Isto afirma a não hierarquização dos diferentes saberes sobre o trabalho e, dessa maneira, rompe com a idéia de que existiriam os (as) competentes que planejariam a produção e aqueles (as) que, por não possuírem tal competência, seriam considerados (as) meros executores. Todos os saberes têm igual valor, não havendo conhecimento maior ou melhor do que outros.

Nós, Kizombolas, compreendemos que solidariedade e transparência nas ações também são características marcantes da Economia Solidária, sendo fundamental o incentivo dado à participação política de cooperados e cooperadas. O individualismo é contraposto pela construção de uma cultura coletiva baseada na compreensão e respeito mútuo. Em um momento onde o capitalismo mostra talvez sua face mais perversa, a luta dos (as) militantes solidários (as) adquire grande relevância, tornando-se parte da formação de uma contra hegemonia ao capitalismo. Enquanto militantes da Kizomba temos a convicção de que a Economia Solidária, através de seus valores e ações, é um instrumento fundamental para a construção do socialismo.

Defendemos as experiências de Economia Solidária, como as cooperativas populares e as empresas recuperadas, pois elas representam uma resposta auto-organizada dos trabalhadores e trabalhadoras diante da crise do trabalho, gerada pelos anos do neoliberalismo. Através de uma organização do trabalho fundada na autogestão e na solidariedade a ECONOMIA SOLIDÁRIA (ECOSOL) tem se firmado em nosso país e também em diversos países da América Latina, como na Venezuela, onde o Presidente Chávez criou o Ministério da Economia Solidária.

Segundo o Atlas da ECOSOL existem em nosso país:
“(...)14.954 Empreendimentos Econômicos Solidários em 2.274 municípios do Brasil (o que corresponde a 41% dos municípios brasileiros)”. “Estão associados nos empreendimentos econômicos solidários mais de 1 milhão e 250 mil homens e mulheres, resultando em uma média de 84 participantes por EES. A este conjunto agrega-se mais 25 mil trabalhadores e trabalhadoras participantes que, embora não-sócios, possuem algum vínculo com os EES”.

Mais especificamente quanto à juventude, a Economia Solidária representa também uma alternativa ao elevado desemprego que apresenta esse setor em nosso país, segundo Pochmann:

”Em pleno limiar do século XXI, a participação relativa do segmento etário de 15 a 24 anos no total da População Economicamente Ativa (PEA) é de 25%, embora o jovem responda por 50% do desemprego nacional. Enquanto a taxa de desemprego aberto aos jovens gira em torno dos 18%, a taxa média nacional esteve em 9,4% do total da força de trabalho, segundo o IBGE (PNAD), no ano de 2001”. (Juventude em busca de novos caminhos no Brasil – POCHMANN, M. In: Juventude e Sociedade).

A situação de desemprego combinada a uma crescente flexibilização das condições de trabalho e emprego, além de gerar distorções na possibilidade de acesso futuro à previdência social, faz com que a busca por emprego seja reduzida a um trabalho precário e temporário, uma inserção subordinada no mercado de trabalho. Situação que frustra e pressiona os (as) jovens, pois gera condições para que muitos (as) aceitem estar subempregados (as) ou para que, por desalento ante a impossibilidade de empregar-se, abandonem a força de trabalho tornando-se inativos (as).

A juventude, em todos os estudos realizados, tem mostrado um intenso potencial na produção cultural e na sua organização através de novas vivências e estilos de vida. Em nosso país, é necessário um forte incentivo através das políticas públicas que busquem qualificar e formar para o trabalho emancipado e cooperado um conjunto de jovens que já produzem seus Cd´s, DVD´s, festivais, suas roupas, seus meios de comunicação (fanzines, grupos teatrais, páginas eletrônicas. blogs, jornais...) e seus materiais e equipamentos ligados a seus estilos de vida (skate, silk screen, estúdios musicais, prancha de surf, capacete, patins, luvas...). Nesta perspectiva a formação de Redes Solidárias de Produção Cultural, enquanto alternativa, se opõe a atual forma de divulgação e produção da Indústria Cultural.

Assim, a Economia Solidária pode ser uma resposta que combina a necessidade de geração de trabalho e renda, com a resignificação das próprias vivências desses (as) jovens e seus estilos de vida. Ao propiciar a revalorização pessoal e a valorização de suas produções, realizando trabalho coletivo nas suas comunidades e grupos, a ECOSOL abre perspectivas para o futuro, dando as bases materiais para que estes (as) jovens se sintam motivados (as) a continuar apostando na cultura, na educação e na sua própria formação.

A ECOSOL é atualmente uma expressão de movimento da juventude, envolvendo inúmeros (as) estudantes universitários (as) através de programas de extensão e das Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares. Estas são projetos, programas ou órgãos das universidades com a finalidade de dar suporte à formação e ao desenvolvimento de Cooperativas Populares criadas por iniciativa de grupos de desempregados ou, que vivenciem situação de emprego/trabalho precarizado. Dessa forma, propomos:

  • Incorporação da Economia Solidária como bandeira de luta da UNE;
  • Todo apoio do ME as cooperativas populares e as empresas recuperadas;
  • Incentivo da UNE à formação de Redes Solidárias de Produção Cultural;
  • Aumento dos programas de extensão universitária relacionados à economia solidária;
  • Apoio às Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares nas universidades brasileiras;
  • Divulgação da economia solidária nas universidades brasileiras através de debates e feiras solidárias.

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