Rosane Silva,
A CUT, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais realizou no último dia 19 de junho, em frente ao Banco Central, um ato contra o aumento das taxas de juros e por mais desenvolvimento para o país.
A CUT, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais realizou no último dia 19 de junho, em frente ao Banco Central, um ato contra o aumento das taxas de juros e por mais desenvolvimento para o país.
O aumento da taxa de juros faz parte de um modelo de política econômica de menos investimentos em políticas públicas, maior taxação de artigos consumidos pela população pobre, e, consequentemente, aumento das desigualdades sociais. Tal modelo é sustentado pelo argumento de que não há uma outra alternativa na política econômica, ou seja, de que não existe uma política econômica de direita, de esquerda ou de centro. Existe a política certa, tecnicamente fundamentada, neutra; e a política errada, irresponsável, utópica, ingênua. Esta afirmação, no entanto, esconde atrás de sua aparente tecnicidade e neutralidade a garantia de interesses muito específicos – a valorização financeira frente à valorização produtiva.
Além disto, a manutenção da atual política econômica significa seguir assumindo riscos com relação à estabilidade econômica do país, uma vez que qualquer mudança no mercado financeiro mundial pode desencadear um processo de hiperinflação da economia brasileira. Situação a qual já estamos vivenciando atualmente, especialmente no que diz respeito ao preço dos alimentos, que registrou reajustes da ordem de 14,17% segundo o Dieese.
Neste cenário, os prejuízos são repassados principalmente à classe trabalhadora, e nós, as mulheres trabalhadoras, somos ainda mais afetadas.
Neste cenário, os prejuízos são repassados principalmente à classe trabalhadora, e nós, as mulheres trabalhadoras, somos ainda mais afetadas.
A prioridade de investimento no mercado financeiro, seguida do ajuste fiscal para garantir o superávit primário, acaba por retirar orçamento para as políticas públicas. Com a diminuição das políticas sociais por parte do Estado são as mulheres que terminam por ser responsabilizadas por estas, principalmente pelas relacionadas à reprodução e cuidado da vida humana. Assim, na medida em que o Estado deixa de ser o responsável pelas políticas que garantam a sustentabilidade humana, se reproduz e se acentua no interior da sociedade a divisão do trabalho entre homens e mulheres, responsabilizando e sobrecarregando as mulheres por este trabalho.
Outro aspecto do impacto da alta dos juros e do aumento dos preços dos alimentos diretamente prejudicial na vida das mulheres diz respeito à diminuição da possibilidade destas em usufruírem de seu orçamento em benefício próprio.
Outro aspecto do impacto da alta dos juros e do aumento dos preços dos alimentos diretamente prejudicial na vida das mulheres diz respeito à diminuição da possibilidade destas em usufruírem de seu orçamento em benefício próprio.
De acordo com a pesquisa “Mulheres do Brasil – Comportamento de Consumo”[*], 59% das mulheres dão preferência à família na hora da compra. Ou seja, as mulheres recebem salários cerca de 30% menores do que os homens (Dieese), e gastam a maior parte deste com as despesas familiares. Com o aumento de preços dos artigos de primeira necessidade, caso dos alimentos, quem arcará com este acréscimo de gastos para suprir as necessidades básicas da família serão os já reduzidos salários das mulheres.
E é no sentido de revertermos essa situação, que a CUT trás em sua agenda a Jornada pelo Desenvolvimento, ressaltando a importância da classe trabalhadora estar em luta por um modelo de desenvolvimento para o país com o Estado forte, com distribuição de renda e valorização do trabalho.
O engajamento das trabalhadoras nesta discussão sobre modelo econômico e de desenvolvimento para o país é fundamental, exatamente porque seus desdobramentos interferem direta e diferentemente na vida das mulheres. A reivindicação por maior participação política e poder às mulheres relaciona-se, assim, diretamente com esta questão, uma vez que é somente com a presença das mulheres em todos os espaços, inclusive nos de debate e de formulação sobre política econômica, que poderemos construir uma luta que contemple a classe trabalhadora como um todo, homens e mulheres.
E para diminuirmos as desigualdades sociais e também as desigualdades entre homens e mulheres, precisa ser a hora e a vez da política econômica indutora do crescimento e do emprego!
E para diminuirmos as desigualdades sociais e também as desigualdades entre homens e mulheres, precisa ser a hora e a vez da política econômica indutora do crescimento e do emprego!
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[*] Pesquisa “Mulheres do Brasil – Comportamento de Consumo”, 2007, realizada por Rohde&Carvalho Diagnóstico e Pesquisa.
Rosane da Silva é secretária nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT
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