Por Fátima Alexandre
"Amazônida" é uma das palavras que vem chamando atenção dos participantes do Fórum Social Mundial (FSM), que acontece em Belém, no Pará. Mas a denominação não designa apenas os moradores da região Amazônica, "amazônida" também é o nome da moeda que circula no evento. A idéia é proporcionar aos participantes uma vivência de economia solidária.
As notas são equiparadas. Um amazônida equivale a R$ 1. Com as cédulas é possível comprar artesanato, alimentação entre outros produtos que estão na feira de economia solidária, na Universidade Federal do Pará (UFPA). Elas são emitidas pelo Eco Banco, o banco de economia solidária do FSM.
Cada cédula, de 1, 2, 5, 10 e 20, representa uma característica ou personagem da Amazônia. Para o FSM foram emitidas 30 mil notas que valerão até o último dia do Fórum. "Cada local tem o nome que a comunidade define como identidade. Mas além dos desenhos, as notas contêm carimbo, número de série, marca d'água e assinatura para evitar falsificação", afirma a coordenadora do projeto Sandra Magalhães, que trabalha há dez anos com projetos de economia solidária no País.Para ela, o FSM servirá para dar visibilidade a essas experiências solidárias. "Os participantes aqui estão tendo a oportunidade de vivenciar que outra economia, que promove o desenvolvimento local, acontece, que uma economia solidária é possível", disse Sandra.
Um banco solidário é baseado na auto-gestão, na solidariedade e cooperação, que correspondem aos pilares da economia solidária. "A principal diferença entre o solidário e o comum é que, o solidário é de propriedade da comunidade e é gerido por ela. O propósito aqui não é gerar lucro, e sim desenvolvimento. Fora que os critérios para financiamento e empréstimos divergem. Nós não consultamos o Serasa, o SPC, os juros são baixos e temos uma moeda social que os outros não tem", afirmou a coordenadora.
O primeiro projeto de banco solidário surgiu em 1998, na comunidade Palmeiras, em Fortaleza. "A comunidade era muito pobre e tinha um alto índice de desemprego. As pessoas tinham dificuldade em sem empregar e conseguir financiamentos para seus negócios. Então pensamos, porque não criamos nosso próprio banco, já que não temos acesso aos tradicionais? Pensamos em um projeto que fosse baseado na economia solidária, surgiu assim o banco Palmas", explicou Magalhães.
A proposta é difundir o projeto no Pará. "Vamos ter uma reunião com o governo do Estado no sentido de ampliar a rede de bancos solidários aqui", planeja Sandra. No Estado, existe um projeto de economia solidária. O banco denominado Tupinambá, que emite a moeda moqueio, funciona na Baía do Sol, na ilha de Mosqueiro. Ele foi inaugurado em janeiro de 2009. Atualmente existem 38 bancos solidários em funcionamento no Brasil.
Fonte: Terra
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