terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Bancos Comunitários: Uma resposta popular para superar a CRISE!

Latuff

A atual crise mundial, tem afetado em cheio os Bancos Internacionais e as Bolsas de Valores, estão como dizem os notíciarios em "insolvência" - em bom português, estão quebrados. Executivos que geriam esses fundos, em compensação, ganharão milhões e milhões, especulando com o dinheiro alheio.

As cifras atuais apontam que já foram aportados trilhões de dólares para TENTAR salvar esses bancos e as bolsas. O cassino que se tornou a mesma ruiu, e as quantidades de fichas (papéis) não correspondem ao que é produzido.

Nesse cenário, onde os bancos falem, onde as empresas que especularam mandam milhões de trabalhadores em todo mundo embora, uma experiência no Brasil (e em outras partes do mundo) tem crescido e mostrado que em vez do caminho da especulação e das altas taxas bancárias (os famosos spreed - o Brasil tem um dos mais altos do mundo), a opção do desenvolvimento local e sustentável, a solidariedade e a organização popular conseguem ser um caminho alternativo para SUPERAR a crise.

Atualmente, as experiências de Bancos Comunitários crescem no país, tanto em experiências em bairros populares (como o pioneiro Banco Palmas), como a que organizam segmentos sociais , como os Bancos com quilombolas e de mulheres (veja a matéria abaixo). Essas experiências como apontou a matéria da FSP (veja o link abaixo) não são afetadas pela crise mundial, pois em vez de especulação, apostaram na solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras.

Matéria na Folha de São Paulo:

Banco Comunitário no Fórum Social Mundial:
Conheça o Instituto Palmas:
Matéria no Boletim do Banco Central sobre Banco Palmas:

No Maranhão, Banco Solidário empodera mulheres quebradeiras de coco babaçu
Fonte: Adital

Uma experiência de auto-organização vem fortalecendo produtoras rurais no Médio Mearim, na região central do Maranhão. A Associação em Áreas de Assentamento no Estado (Assema), liderada por trabalhadores rurais e quebradeiras de coco babaçu, iniciou em 2002 o projeto do Banco Solidário da Mulher.

Com base no conceito de economia solidária, a iniciativa promove a produção familiar, com a utilização sustentável dos babaçuais. No início, a associação contou com o financiamento de cooperações internacionais para dar início à concessão de crédito através do Fundo de Crédito Solidário. Desde o ano passado, o banco recebe apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em parceria com ministérios do Governo Federal.

Segundo a socióloga Silvianete Matos, secretária-executiva da Assema, o fato de o mecanismo de crédito já funcionar antes do aporte de recursos públicos foi importante para o sucesso do banco. "Inclusive toda a proposta [apresentada ao BNB/Senaes] foi baseada no que já existia", destaca.

O financiamento do Banco da Mulher é liberado exclusivamente para mulheres quebradoras de coco babaçu, produto tradicional da região de transição para a Floresta Amazônica, do Piauí ao Pará. Rica pela potencialidade de aproveitamento, a palmeira pode ser utilizada para fazer telhado de casas, adubo, carvão e até a multimistura usada na nutrição infantil, a partir do mesocarpo.

Para fortalecer operações desse tipo, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) assinou, em 2005, um convênio com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A atuação conjunta estabeleceu parcerias para a execução de um programa de apoio a organizações que operam com fundos rotativos solidários.

O convênio disponibiliza recursos financeiros para viabilizar ações produtivas associativas e sustentáveis que assumam os princípios da economia solidária, através da implementação do "Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários". O financiamento do convênio também tem a participação do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Nas seis cidades em que atua a Assema, as mulheres e suas famílias não estão interessadas apenas na extração do babaçu. Segundo Silvianete, os 12 projetos aprovados no segundo semestre do ano passado, a partir do apoio do convênio BNB/Senaes, envolvem empreendimentos de agricultura orgânica, piscicultura, bovinocultura, avicultura, suinocultura e caprinocultura. Apesar do maior aporte de recursos, a oferta ainda não atende a todos os produtores interessados.

"A demanda ainda é maior. Nós já temos outra remessa de projetos, mas ainda ponderamos [quanto à] expansão", explica a secretária da associação. Segundo ela, um dos fatores que ditam a velocidade da ampliação dos participantes é exatamente a rotatividade do crédito. "Gira de acordo com o retorno do crédito", acrescenta Silvianete.
Os recursos disponibilizados não retornam aos financiadores, sendo mantidos pelas instituições responsáveis pela entidade local responsável para que novos produtores tenham acesso ao crédito. Para participar da proposta, as organizações devem manter características próprias da economia solidária: a cooperação, com existência de interesses e objetivos comuns, partilha dos resultados e responsabilidade solidária sobre os possíveis ônus; a autogestão, com práticas participativas nos processos de trabalho, nas definições estratégicas e na direção das ações; e a solidariedade, expressa na justa distribuição dos resultados alcançados e nas oportunidades que levem à melhoria das condições de vida de participantes.

A atuação da Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão vai além da assistência técnica e do incentivo econômico que beneficiam os produtores. A entidade procura fortalecer a participação das mulheres vinculadas à Assema em organizações como o Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB).
Segundo a entidade, esse trabalho contribui para fortalecer politicamente as mulheres e reduz as desigualdades nas relações de gênero. "Empodera as mulheres dentro da família. Você não tem mais a economia controlada pelos homens", analisa Silvianete Matos.
Mais informações de Economia Solidária no ADITAL: Notícias da América Latina e Caribe
http://www.adital.org.br/site/tema.asp?lang=PT&cod=61


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