Comentário: Assistimos na economia mundial um aprofundamento nas relações Sul-Sul visando ampliar a integração regional e fortalecer as economias em desenvolvimento. Mudando de forma gradual os fluxos econômicos mundiais.
Infelizmente, no Comércio Justo as opções preferenciais ainda são as relações Norte-Sul e o aprofundamento das relações com as grandes superfícies (em sua maioria tendo como principais acionistas grupos transnacionais com sede nos países imperialistas). Nesse sentido, os debates ocorridos durante o I Fórum Social de ECOSOL mostraram a necessidade de aprofundar as relações comerciais Sul - Sul. Buscando desenvolver logísticas solidárias e uma integração maior entre os empreendimentos latinoamericanos.
Para serem alternativas, relações Sul-Sul precisam ser repensadas, diz economista
Jorge Bernstein lembra que acordos de integração regional entre países periféricos envolve 4 bilhões de pessoas no mundo
Direto de Salvador - Acordos Sul-Sul, formados entre países em desenvolvimento não podem ser pensadas como alternativas à superação da crise, porque já são uma realidade no mundo, segundo o economista Jorge Bernstein. O professor da Universidade de Buenos Aires acredita que é necessário repensar acordos de integração regional para que não repitam estruturas que levam o mundo a crises constantes.
Ele acredita que o mundo vive uma convergência de crises, incluindo problemas econômicas, sociais, ambientais etc., que está mais perto do início do que do fim. "Mesmo o diretor do FMI diz que a aparente saída da crise é fruto da intervenção dos Estados, mas não há projeção de crescimento", sustenta.
Nesse sentido, Bernstein criticou uma frase disposta em um cartaz ao fundo da mesa do seminário Crises e Oportunidades, no Fórum Social Mundial Temático Bahia. A frase "Sociedade e governos debatem o mundo pós-crise" sugeriria, para o economista, que "estamos em 2040", porque novos choques sobre o sistema financeiro são previstos por analistas.
Bernstein lembra que os acordos regionais na África, América do Sul e, especialmente, a Ásia envolvem, somados, cerca de 4 bilhões de pessoas. Seja com finalidades energéticas, comerciais ou militares, esses acordos podem representar avanços, mas também retrocessos econômicos e sociais, se reproduzirem modelos convencionais.
O exemplo citado pelo economista envolve acordo entre os governos chinês e indonésio de comércio de petróleo. "Há segurança energética de um lado e lucros do petróleo de outro, mas os produtos industriais chineses vão invadir a Indonésia, causando possivelmente pobreza e miséria", prevê.
O economista acredita que as relações Sul-Sul são uma forma de desconexão e religação de países que precisa ser pensada em um contexto do que ele considera ser a "decadência do centro do mundo". "Não há a substituição de uma potência por um mundo multipolar, mas uma despolarização em que aparecem espaços de desenvolvimento não controlados pelas grandes potências", avalia. Nesses espaços é que poderiam ser fortalecidas relações entre países em desenvolvimento.
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